MÊS DE HELVL Rabino Nilton Bonder |
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O mês de HeLUL é a sigla H(ani) L(edodi) V(dodi) L(i) Eu para meu Amante e meu Amante para Mim. Verso retirado do Cântico dos Cânticos e consagrado como compromisso apaixonado entre noivos, expressa além da escolha, o desejo de intimidade. É esse o teor das Grandes Festas que se aproximam: Como o Rebbe que chora rezando e seu neto pergunta: "Vô porque choras?". "Choro por que estou falando com D'us". "E dói vô?". "Dói só pelo tempo que já vai desde a última vez que conversei com Ele". Como dói essa falta de intimidade com o Criador e com o Absoluto. Uma saudade profunda de algo que apenas intuímos. Talvez nostalgia por algo que conhecemos na infância, quiçá no ventre materno, quiçá em tempos anteriores a nossa existência. Mais do que ao útero materno temos necessidade de retorno a esse lugar amniótico original. Quão espiritual é esse saudosismo, mistura perfeita de tristeza e alegria. Como é místico o encontro, como é mística a paixão! Feitos da mistura perfeita de presença e ausência, de posse e perda. Mais ainda do que a sensualidade do Shabat, esse Shabat dos Shabats nos demanda intimidade e entrega. A mística e a sensualidade são formas de nos embaralharmos com o Outro, e deixarmos a solidão de nossa identidade e individualidade. Até que venha o Shabat-do-Shabat-dos-Shabat, nosso regresso definitivo a esse lugar íntimo, placenta etérea e união total, nos é dado o Shabat dos Shabats -- nosso encontro anual que as Festas proporcionam com essa realidade. O Livro da Vida é, sem dúvida, algo muito maior do que o ponderamos nós ser a vida. Faça-se inscrito - mistura de mel e choro; de fome e inspiração.
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