Parashá VA YECHI - Comentários


José London

Shabat Shalom

Estamos lendo essa semana Parasha Vaiechi, ultima parasha do Sefer Bereshit, Livro de Genesis.
Vou começar esse comentário fazendo uma pergunta:
Normalmente nesse período de virada do ano, fazemos muitas...?

E justamente daí veio a minha reflexão no estudo dessa parasha:

Juras... Promessas... votos.

Acho que a maioria aqui cresceu ouvindo dizer de seus pais, e assim continuou repetindo a seus filhos, que "judeu não jura".

Se usarmos o texto bíblico, e vou citar apenas o livro de Genesis como fonte,
veremos que não é bem assim:

Não só os nossos patriarcas juraram,

por exemplo, no inicio dessa parasha (48:31) que estamos lendo - pergunta Iaakov a Yossef: "Jura-me? e Responde Yossef "Juro-lhe", sobre seu sepultamento na Gruta de Machpela.

Como até o Criador jura, Parasha Vayera (22:16): "Por mim! Jurei"... disse o Eterno à Avram um pouco depois do episodio de Akedat Itzchak.

O próprio Sefer Bereshit é movido basicamente por um juramento do criador, repetido varias vezes, por exemplo: na Parahsa Toledot (26:3) "... e confirmarei o juramento que jurei a Avraham seu pai", numa fala do Criador à Itzchak sobre o futuro do povo de Israel.

Em hebraico, encontramos:

Jurar = lehashbia
Juramento = hashba'a
Essa é a forma que normalmente aparece na Torah, mas a mesma palavra é usada para o
verbo SACIAR.
É algo, digamos momentâneo.
Talvez por isso muitas vezes envolvemos terceiros em nossas juras.
Raramente...juramos pela nossa própria vida por exemplo.

Prometer = lehavtiach
Promessa = havtacha
É também o verbo CONFIAR - assegurar, garantir.
Dessa forma, não é encontrado no texto bíblico

Prometer (jurando) = lindor
Promessa ou voto = neder
Fala de um envolvimento pessoal.
Esse tipo de prometer geralmente inclui uma negociação, como na Parasha Vaietese
(28:20-22): "E fez Yaacov uma promessa (vaidar), se......... certamente dar-Te-ei um décimo"
Ou seja: algo condicional.
Do "tipo": Prometo que se.... então...
Bem característico das nossas promessas.
Para essas o judaísmo criou muito sabiamente a expressão "bli neder" (sem promessa), geralmente usada ao final desses "votos".
Quem sabe numa forma de manter o costume do "judeu não jura".
Podemos incluir aqui também até a anulação de votos feita em Kol Nidrei.

A parasha termina com a morte de Yossef, que numa espécie de juramento mutuo entre ele e o povo, Yossef diz que certamente o Criador não ira abandoná-los, e que então quando partissem do Egito, não deixassem de levar seus ossos, para serem enterrados em solo hebreu.
A promessa de que Israel se tornaria uma grande nação, começa a ganhar corpo,
mas segundo o próprio texto bíblico, isso não seria exclusividade nossa.

Que as juras feitas nesses dias saciem a todos e assim preencham um pouco o vazio que fica daquelas coisas não resolvidas a cada ano.
Mas que as promessas, essas sim que não devemos fazer sem certezas, representem na verdade um enorme esforço, em prol de relações de confiança e mais seguras.
Devendo ser a única certeza que prevaleça, a de que existem sim diferenças, mas não soberanias.

Um feliz 2010 à todos.
Shabat Shalom


PARASHÁ