RITUAL DE LEITURA DA TORÁ


 

 



A leitura da Torá é o mais importante ato público do ritual judaico. Tal é sua importância que a iniciação ao judaismo, através do bar/bat-mitzvá, acontece a partir do momento em que somos chamados pela primeira vez à Torá. A chamada à Torá -- que recebe o nome de aliá (subida) -- compreende a leitura de um trecho do texto bíblico iniciada e finalizada com uma benção.

A Torá -- o Pentateuco (Genesis -- Bereshit, Êxodo -- Shemot, Levítico -- Va-Ikra, Números -- Be-Midbar, Deuteronômio -- Devarim)-- é lida ritualmente nas sinagogas. O texto bíblico é dividido em 54 partes (parshiot) que são lidas semanalmente. Devido ao calendário solar-lunar judaico, algumas destas partes são lidas conjuntamente (mechubarot) para fazer coincidir o número de semanas de um ano judaico com todas as partes da leitura.

A leitura é feita na presença de um minian (quorum de no mínimo 10 indivíduos) todas as segundas, quintas e sábados na oração da manhã (shacharit) e sábados também na oração da tarde(minchá). Começa-se a ler uma parasha nova neste serviço da tarde dos sábados e esta parte da leitura perdura como sendo a parasha da semana até sua leitura completa de seu texto na manhã do sábado seguinte.

Estas partes são divididos em sete trechos (aliot) e mais um complemento(maftir). Nos dias de semana e no sábado à tarde são chamados à Torá somente três pessoas. Os trechos são encurtados e não correspondem ao mesmos trechos lidos nos sábados pela manhã.

No sábado pela manhã são então chamadas sete pessoas à Torá, e mais uma, o maftir, para finalizar. Os trechos então perfazem a leitura completa da Torá.

É costume chamarmos como primeiro a subir, um descendente dos sacerdotes, um Cohen. Em segundo chamamos um descendente da tribo de Levi, responsável no passado pela manutenção do Grande Templo. Os demais são chamados de Israel, pois são membros das demais tripos de Israel (em realidade da tribo de Judah -- daí a palavra "judeus"). Existe também o costume de ler-se a Torá trienalmente. Este costume existente na Palestina e registrado no Talmud Ierushalmi, divide as partes(parshiot) da Torá em três e lê sequêncialmente no primeiro ano as primeiras partes, no segundo as segundas e assim por diante. Completa, portanto, o ciclo de leitura em três anos. A razão para tal prática é evitar "tircha de tsibura", o incômodo do público. Com o passar do tempo, poucos indivíduos conseguem acompanhar a leitura do hebraico e para que esta não se tornasse enfadonha e demorada, surgiu tal prática. Nossa sinagoga faz atualmente este tipo de leitura.

As divisãos dos trechos estão assinaladas no texto bíblico impresso. No texto contido nos pergaminhos da Torá não encontramos qualquer marcação ou divisão. São textos contínuos sem pontuação o que requer preparo para tal leitura.

Na verdade o texto não é vocalizado e nem é nele encontrado as notações musicais que permitem sua cantilação. Estes sinais, conhecidos como "teamim", são encontrados no texto impresso e devem ser preparados de antemão para a leitura ritual.


PARASHÁ