Parashá SHEMOT TSIPORA - Comentários


José London

SHABAT SHALOM

Estamos fazendo nessa semana leitura de Parashat Shemot
1ª Parasha do 2º Sefer da Torah, livro que recebe o mesmo nome da Parasha.

Este livro da Torah é conhecido em português como êxodo, já que alguns comentaristas consideram a saída do Egito, como seu trecho mais importante.

Ao pé da letra, Shemot, significa nomes.

Por conta de um deslize de Adão (e essa é uma outra discussão), foi decretada no livro de Bereshit, o qual terminamos de ler semana passada, a finitude do ser humano.

Se dividirmos a palavra Shemot, podemos ler então também o nome dessa Parasha como She-mot.
Ou seja: aqueles que morrem, ou simplesmente, mortais.

O criador tem aqui a preocupação, de dedicar, não só uma Parasha, mas um livro inteiro a esses que serão seus parceiros no projeto iniciado com a criação do mundo.

Ao dedicar aos mortais, todos os 1209 versículos do Sefer Shemot, determina também o criador que o entendimento da Torah, não pode ser e não é privilégio de um seleto grupo, muito menos seu conteúdo restrito a um numero limitado de iniciados.
Os que pensam assim, estão na verdade estimulando uma idolatria as escrituras, já que afastam os demais mortais de seus ensinamentos.
Esses são falsos mestres.

Com certeza o criador e seus editores, não publicaram a Torah para ser exclusiva e sim para ser um best seller.

Basta uma leitura cuidadosa de seu texto para que possamos todos, compreender seus ensinamentos .

Não há segredos e não há mistérios, muito menos formulas mágicas para sua leitura.

Quando lemos seu texto sem esse cuidado, aí sim, corremos o risco, de em nome desses mesmos ensinamentos, cometer transgressões do tipo, acreditar que o que está escrito não é para os que um dia vão morrer, e sim para os que matam, e assim justificam inúmeras violências usando a fé como desculpa.

São essas transgressões a antítese ao que está proposto por exemplo nos dez mandamentos, revelados no Sinai, também durante a leitura do Sefer Shemot.

Nessa Parasha, nasce e se inicia também a historia de Moshe, que apesar de ser o principal interlocutor entre o criador e seus parceiros, tem também dificuldades em entender a finitude quando é chegada a hora de sua morte.

Mesmo aos cento e vinte anos (já lá no finalzinho da Torah), que passaram a ser voto e desejo para todos os judeus (ad meah ve essrim!!), Moshe precisou ouvir do criador, um "Rav lecha" (basta, chega..está bom !!), para aceitar que também era um mortal, mas que se tornou eterno porque soube preencher seu tempo com espiritualidade.

D'us estabelece assim claramente nessa Parasha sua proposta para uma aliança, e em condições que vão se repetir e se renovar diversas vezes ao longo da Torah.

Resta a nós, e isso não é fácil, fazermos a nossa parte nesse pacto, escolhendo se queremos ser apenas nomes ou parceiros de verdade, correspondendo assim às expectativas do criador.

Shabat Shalom.


PARASHÁ